logotipo_fegest
Apoiadores
Sobre
Diretoria
Prevenção
Perguntas
Novidades
Guia do Estomizado
Links
Contato

 

Breve História da Estomia

A história da estomia oferece um contexto sobre os antecedentes e o processo evolutivo que essa prática teve até a modernidade.

A história da estomia remonta aos tempos antigos, quando a medicina começou a evoluir. No entanto, é importante entrar no contexto antes de conhecer sua evolução. O termo estomia vem do grego stoma, que significa boca ou orifício. As alusões à estomia são conhecidas desde o século IV A.C., quando Praxágoras de Cós a descreveu pela primeira vez. Embora as notícias da medicina histórica sobre estomias sejam escassas, há referências desde tempos muito remotos sobre lesões traumáticas no intestino. Estas com saída de fezes de seu interior e a consequente peritonite fecal que levava à morte do indivíduo.

Presumivelmente, em tempos anteriores, ferimentos abdominais causados por armas brancas (flechas, lanças, espadas etc.) poderiam ter ferido vísceras ocas. O mesmo que, em algumas ocasiões, desencadearia morte por peritonite fecal; mas em outras, é possível que tenham causado uma fístula fecal externa (estoma) e que, mesmo em certos casos, essa estomia fecharia.

É bem possível que os primeiros estomas fossem fístulas fecais devidas a feridas de guerra (traumas, hérnias estranguladas, atresia anorretal ou obstrução anorretal). Foi possível verificar que a sobrevivência após essas intervenções era possível (principalmente as do cólon). Seria necessário trazer o intestino para a superfície do corpo de modo que nunca se fechasse e funcionasse como um ânus.

Evolução Histórica das Estomias

No Antigo Testamento da Bíblia (Juízes 3:20-22), já se fazia referência a estomias feitas com faca: “E Eúde entrou numa sala de verão, que o rei tinha só para si, onde estava sentado, e disse: Tenho, para dizer-te, uma palavra de Deus. E levantou-se da cadeira. Então Eúde estendeu a sua mão esquerda, e tirou a espada de sobre sua coxa direita, e lha cravou no ventre, de tal maneira que entrou até o cabo após a lâmina, e a gordura encerrou a lâmina (porque não tirou a espada do ventre); e saiu-lhe o excremento”. O mesmo livro de Juízes refere-se à morte do rei dos moabitas, que ocorreu devido à criação de um estoma traumático causado por uma adaga.

A confecção de uma estomia é possivelmente a intervenção mais antiga do trato digestivo, havendo evidências de sua atuação no alívio de obstruções por Praxágoras de Cós em 350 A.C., no tempo do filósofo Aristóteles, razão pela qual foi o iniciador do tratamento cirúrgico da obstrução ou trauma intestinal. Ele praticou fístulas enterocutâneas por punção percutânea. Ele as fazia com ferro quente, a fim de formar uma fístula intestinal, principalmente no íleo. Os resultados dessas intervenções não foram descritos.

Com o passar do tempo, verificou-se que era possível sobreviver após essas intervenções (principalmente as do cólon), que não causavam distúrbios metabólicos graves e que, além disso, boa parte delas fechava espontaneamente. Não há referências sobre o assunto nos dezoito séculos seguintes, até que Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelsus (1491-1541), declarou-se partidário da criação desses ânus artificiais em comparação com qualquer outra técnica de manipulação de alças intestinais lesadas.

Antecedentes Históricos

Na antiguidade clássica, na Escola de Alexandria, foram escritos tratados cirúrgicos que mostravam uma atitude agressiva em relação às técnicas cirúrgicas. Nos séculos seguintes posteriores ao pai da medicina, Hipócrates, as obstruções intestinais foram tratadas com todo tipo de ferramenta e método:

• Os enemas eram administrados com ar, água, fezes de cavalo etc.
• Outras substâncias também eram usadas como medicamento, como mercúrio ou ópio.

Durante a Idade Média, entre os séculos XIII e XV, começaram as primeiras referências ao câncer retal, que remontam ao século XIV, quando o “pai da proctologia”, Jonh Ardene, fez as primeiras descrições do diagnóstico do tumor por meio de exame de toque retal, e observou as diferenças entre diarreia causada por disenteria e as evacuações frequentes causadas por tumores retais. Se o diagnóstico final fosse câncer, a família deveria ser informada que a situação era incurável.

O tratamento, ele insistia, deveria ser apenas paliativo. Jonh Ardene tratou fístulas, abscessos e feridas. Ainda na Idade Média, Paracelso, como já referido, defendia ânus artificiais como a melhor técnica para a manipulação de alças intestinais lesadas, aludindo aos estomas como ânus artificiais como a melhor resposta a essa necessidade.

Somente no século XVIII, Alexis Littré, ao ver uma criança com malformação retal, propôs a enterostomia. Ele próprio, em 1710, sugeriu uma colostomia para carcinoma obstrutivo. Littré recomendou a prática sistemática de cecostomia inguinal transperitoneal em todos os pacientes com ânus imperfurado.

Passos para a Modernidade

Em 1776, um cirurgião francês de Rouen chamado Pillore, relatou o caso de uma mulher com carcinoma sigmoide obstrutivo, a quem aplicou os princípios de Littré, realizando uma cecostomia. O que é relevante nesse caso é que a paciente morreu 28 dias após a cirurgia em consequência de necrose causada pelo mercúrio retido no intestino delgado, fornecido como laxante.

A primeira colostomia foi realizada por Duret, tratando-se da primeira colostomia inguinal do lado esquerdo, colocando o sigmoide na fossa ilíaca esquerda após fixação de seu meso, no ano de 1793, devido ao ânus imperfurado de um menino que sobreviveu até os 45 anos de idade. Ele foi o primeiro a colocar uma sutura no mesocólon para apoiar o intestino e evitar sua retração; o mesmo continua a ser feito até hoje, principalmente no que diz respeito à estomia de alça. No ano seguinte, foi Dessault quem fez outra colostomia e três anos depois foi Dumas quem a fez.

No mesmo ano em que Dumas realizou sua primeira colostomia ilíaca esquerda, Fine, um cirurgião suíço, realizou pela primeira vez uma colostomia para aliviar uma condição oclusiva causada por câncer retal, realizando uma colostomia transversal. A partir daí, a colostomia transversa foi indicada para tratar outros problemas: descompressão do intestino dilatado, desvio da corrente fecal e desfuncionalização do cólon distal.

As condições específicas nas quais a colostomia de alça temporária desempenha papel crítico são: doença de Hirschsprung, trauma retal, ânus imperfurado, obstrução intestinal distal e reparo de fístula com reconstrução esfincteriana em vários estágios. A colostomia transversa realizada pelo cirurgião Fine em Gênova em 1797 descomprimiu com sucesso uma obstrução de câncer retal, removendo uma alça do intestino e suturando o mesentério à pele.

A Atualidade da Estomia

Em 1912, as ileostomias eram drenadas por catéter, o estoma projetava-se 5 a 7 cm e não amadurecia. A ileostomia, assim construída, causava grande inflamação da serosa, produzindo cicatrizes e estenose. David Howard Patey é creditado com a maturação imediata do estoma, que se desenvolveu em meados do século passado, e Brooke e Turnbull com o fato de que a ileostomia fosse revertida e segura com suturas mucocutâneas.

Em 1950, o Dr. Eugene Bricker descreveu o conduto ileal, o que foi um grande avanço, pois contribuiu para um aumento significativo na sobrevida ao câncer de bexiga. O resultado final foi uma ureteroenterostomia cutânea, motivo pelo qual a substituição da bexiga por ceco, sigmoide e intestino delgado foi iniciada a partir daí. Em 1954, Turnbull e Crile (EUA) modificaram a ileostomia de Brooke removendo a membrana serosa antes de virar a parede intestinal.

Em 1969, Kock (Suécia) conseguiu construir um reservatório de ileostomia a partir de uma alça do intestino delgado, que era esvaziada várias vezes ao dia por meio de um catéter. Foi a primeira ileostomia continente. A primeira ressecção laparoscópica do cólon foi a hemicolectomia direita realizada por Moisés Jacobs, em Miami, Flórida, em junho de 1990.

Ele realizou a cirurgia apesar de não ter os instrumentos especializados disponíveis no presente. Da mesma forma, em 14 de novembro de 1990, Joseph Uddo realizou um fechamento de colostomia assistida por laparoscopia. A anastomose foi confeccionada com grampeador circular; graças ao conhecimento acumulado, os critérios para a confecção de uma ileostomia ou colostomia estão bem estabelecidos.

O Processo Cirúrgico no Mundo Moderno

São inúmeras as doenças que podem afetar os seres humanos. As enfermidades em diversos órgãos, que podem até colocar em risco a vida do indivíduo, têm exigido profissionais para tratá-las. Porém, a tecnologia tem sido uma grande aliada em termos de saúde e bem-estar. Esses avanços permitiram procedimentos invasivos e operações cirúrgicas para salvar inúmeras vidas desde o seu início. O profissional de saúde deve ter a formação ideal, uma vez que lhe permitirá executar adequadamente esses processos.

Fonte: Historia de la ostomía. Acesso em 13 dez. 2021.
Tradução e adaptação: Rogério Gonzalez Fernandes (pela FEGEST).

 

 

Estatuto da Federação Gaúcha de Estomizados - FEGEST